terça-feira, 29 de junho de 2010

Noutro conto eu te encontro~


O Gato, a Velha e a Governanta.



Então a velha senhora perguntou:

- O sol vai aparecer hoje?
- Sim. Parece que vai. - disse a governanta, antes de sair do
quarto.

Na porta, o gato miou a espera de sua dona. A velha senhora então se sentou, a cama rangeu com o corpo de oitenta anos de doces e deliciosas comidas caseiras que a tornaram obesa.
O gato miou de novo, na esperança de ver as velhas pantufas da senhora atravessando a porta e assim recebendo-o em seus braços.
O gato esperou, esperou e esperou, mas a velha senhora não apareceu, tampouco suas pantufas. O gato, impaciente miava e arranhava a porta, fechada, com suas pequenas unhas.

- A senhora vai descer? - gritou a governanta, la da sala, a espera da velha.

Mas a resposta não veio. Assim como o gato, a impaciencia e a curiosidade lhe fizeram subir as escadas de novo. Agora com uma bandeja equilibrada nas mãos. Levaria o café da velha senhora, ja que essa parecia não querer descer.
Ao abrir a porta, o gato, ansiando por carinho, pulou na cama da dona, que ja não estava la a sua espera.


BANG!


A bandeja caiu no chão, a xícara de porcelana fina se espatifou molhando o piso de madeira com o café ainda quente.

Um grito apavorado da governanta.


Um corpo no chão.




Silêncio.



- Juliana Rosa.

Te conto um conto~

A Garota sem Lágrimas.

Era uma vez uma menininha que nunca chorava. Não porque não queria, ao contrario era quase um sonho, poder derramar lágrimas, mas não qualquer tipo de lágrima. Não eram de alegria, pois um sorriso bastava, nem de raiva, pois os gritos a faziam se expressar bem, mas lágrimas de tristeza, nunca.


Nunca.


Talvez mais triste do que sentir a tristeza, era não poder expressa-la de outra forma.
Palavras não bastavam, faltava algo mais...mais forte...mais sentimental.

Ela morava numa cidade onde só fazia sol. Todos os dias.
Isso só piorava seu humor, por que ela achava que se tivesse uma chuva seria como se chorasse. Como se cada gota que caisse fosse sua própria.

A chuva nunca veio.

Passaram-se anos e anos e a menininha virou uma moça, com seus 15 anos ela cresceu e ainda assim nada, seca.

Nenhuma gota.

Um dia ela ficou doente. Muito doente. Os pais a levaram ao médico, e a noticia do Cancêr apavorou a familia.
A garota ficou muito triste, pois não havia mais cura, no entanto, ela resolveu compensar todos anos em que ela ficou triste, por não coseguir chorar. Um motivo que agora parecia muito superficial, diante de tamanha desgraça. Ela resolveu que só iria sorrir, sempre, e assim não deixaria seus pais chorarem por ela.

Assim passou o tempo.

A doença a consumia. Mas a garota só sorria, e nunca se queixava da dor.
A chamaram de forte.
Rezaram para um milagre, uma esperança para tamanha coragem.
Sempre com um sorriso no rosto, até o final.

Até o final...


No décimo sexto aniversário ela faleceu.

...

E então na cidade, choveu pela primeira vez...
e pela segunda vez e para sempre após essa.

-- Juliana R.